
Atleta do Lusitânia participa em treinos do Sporting
Saulinho Moreira tem 11 anos de idade e deslocou-se recentemente a Lisboa para participar em treinos de captação do Sporting. Uma oportunidade que surgiu com base no trabalho do futebol de formação desenvolvido pelo SC Lusitânia.
Saul Moreira, ou Saulinho como é conhecido, pediu ao seu pai, Saul Moreira, para jogar futebol e foi no Sport Club Lusitânia (SCL), através da Academia Sporting de Angra do Heroísmo (ASAH), que encontrou a base para a sua formação desportiva.
Desde então treina e joga; aprende e diverte-se, levando nos pés o futuro da modalidade e nas mãos o potencial para ser mais e melhor cidadão.
A ASAH está integrada no departamento de formação de futebol do SC Lusitânia no âmbito de uma parceria com o Sporting Clube de Portugal (SCP) mantida desde 2019.
Como parceiros ambos os clubes querem promover o seu contributo para um futebol de prestígio através da metodologia Sporting com oportunidades e ferramentas próximas de casa ligadas em rede nacional.
As Academias Sporting ajudaram a traçar o percurso de Luís Figo e Cristiano Ronaldo, por exemplo, e como os craques também podem nascer em Angra do Heroísmo este ano surgiu a oportunidade de o Saulinho, com 11 anos de idade, deslocar-se a Lisboa para realizar treinos de captação.
“É um sentimento de orgulho, nervosismo, felicidade e agradecimento”, diz Saulinho Moreira num misto de emoções acerca de uma prática do futebol que, segundo conta, também lhe permitiu conhecer novos amigos e treinadores.
“Tinha muitos treinadores e estavam sempre a pôr bolas no campo e o treino nunca parava”, recorda o atleta do SC Lusitânia que enaltece ainda a competitividade e a intensidade dos exercícios.
O equipamento também mereceu o seu elogio, pois tudo contou para uma experiência de uma semana que, de acordo com o pai do atleta, Saul Moreira, valeu muito pelo reconhecimento do trabalho do seu filho.
“O Sporting é um grande clube e reparar num menino como Saul não pode haver maior motivo de orgulho. Ele ficou muito feliz e voltou ainda com mais vontade de treinar no seu clube”, declara.
O PAPEL DO LUSITÂNIA
Para Saul Moreira, o SC Lusitânia tem sabido abrir muitas portas na Ilha Terceira e nos Açores no contexto desportivo e tem tido um papel importante na vida das crianças e dos jovens.
“É no seu clube que tudo começa”, salienta o pai do atleta, colocando ênfase na base para um trabalho que se quer de equipa, no coletivo, sendo que as conquistas promovem também novas oportunidades a nível individual.
“Se a equipa dele tiver sucesso vai ajudar-lhe a ter sucesso também, se conseguirem conquistas a nível de ilha depois vão disputar nível regional com seleções, torneios, e se houver sucesso a nível regional vai-se subindo para patamares nacionais que foi o que aconteceu com o Saulinho ao ser chamado a treinos de captação do Sporting”, contextualiza Saul Moreira.
Entretanto, Saul Moreira lembra que o filho quando começou a jogar futebol ainda não havia sido criada a Academia Sporting em Angra do Heroísmo, mas que foi ao encontro do SC Lusitânia, porque procurava um clube com “a melhor formação que havia na ilha [Terceira]”.
Atualmente, a ASAH – a única a nível Açores – reúne cerca de 175 atletas, a maioria do sexo masculino, os quais têm treinos regulares no Campo de Jogos da Terra Chã e no qual estão localizados os serviços administrativos, sendo que, em geral, o projeto é orientado para crianças entre 4 e 15 anos de idade (masculino e feminino) no futebol de formação.
FUTEBOL E ESTUDOS
Os trabalhos de casa da escola têm de ser feitos e o compromisso assumido mesmo em dias de treinos, diz Saul Moreira, por isso conciliar é fundamental de forma que nenhuma das partes fique para trás.
“Ele é bom aluno, consegue boas notas, mas tem de ser com o apoio de toda a família”, salienta o pai do atleta, referindo que “o apoio dos pais é muito importante para que ele vá aos treinos semanalmente e aos jogos ao fim-de-semana”.
Na ótica de Saul Moreira, as crianças devem ser apoiadas emocionalmente quando um treino corre menos bem ou perdem um jogo, defendendo a relevância da diversão e dos momentos frustrantes na vida das crianças como formas de aprendizagem.
“O futebol tem de ser sempre divertido para ele [Saulinho], quando não for divertido ele não irá querer ir mais aos treinos; tem de enfrentar as eventuais contrariedades que possam surgir e nós, pais, temos de o apoiar no melhor sentido”, sublinha.
Neste seguimento, defende ainda a relevância dos valores no desporto como o respeito e o fair play, considerando-os parte integrante da educação do atleta.
“Ter humildade, saber ganhar e perder parte de casa”, diz.
Quando for grande, Saulinho diz que quer ser jogador de futebol e osteopata. Revela que as suas referências na modalidade são Modric, Cristiano Ronaldo, Toni Kroos e Haaland, mas não ficam atrás das ligações familiares de um pai desde sempre ligado ao desporto.
“Fui federado em muitas modalidades (basquetebol, futebol, andebol, voleibol, vela). No basquetebol foram mais de 20 anos de prática”, conta Saul Moreira, recordando que a sua mãe tem 12 irmãos e, portanto, dos 13 filhos no total – a sua mãe e os seus tios – apenas um não jogou basquetebol.
“A minha mãe chegou a fazer um campeonato regional grávida de mim (já jogava dentro da barriga dela). Lembro-me de pequeno ir com os meus tios para o ginásio americano na Base das Lajes, eles iam jogar e nós (eu e os meus irmãos) ficávamos a brincar horas a fio com as bolas fora das linhas do campo”, lembra.
PRÁTICA DESPORTIVA
Como pai de dois filhos, Saul Moreira considera fundamental a prática desportiva na vida das crianças e dos jovens para também contrariar as tendências do sedentarismo, dando menos lugar ao uso quase permanente de computadores, tablets e telemóveis.
“Hoje em dia as crianças precisam de correr mais, subir nas árvores, nadar, por exemplo, isto faz com que possam aumentar também o seu rendimento e aproveitamento na escola”, diz.
No caso do futebol, como modalidade coletiva, Saul Moreira destaca o trabalho de equipa, a ajuda mútua e o apoio entre todos na vitória e na derrota, a par de saber lidar com as pressões dos colegas, treinadores e árbitros numa perspetiva de desenvolvimento e crescimento como pessoas e atletas.
“Tudo começa nos clubes da terra. E é muito mais que ganhar os jogos todos”, concretiza o pai de Saulinho Moreira, atleta do SL Lusitânia.
Foto/ Joyce Moreira
Reportagem disponível também na edição de 20 de dezembro de 2024 do jornal Diário Insular